sexta-feira, 25 de abril de 2014

Revolução de Abril - Liberdade, Democracia e Paz - O fim da censura

Revolução de 25 de Abril de 1974. Largo do Carmo, Lisboa. Militares e população (ROSAS, Fernando - Lisboa revolucionária : roteiro dos confrontos armados no século XX . Lisboa : Tinta da China, 2007. ISBN 978-972-8955-45-8) - Arquivo Municipal de Lisboa


A História de Portugal, ficou indubitavelmente marcada pelo dia em que a Liberdade, a Democracia e a Paz, foram conquistadas. Na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, os militares intentaram uma revolução que derrubou o Governo - chefiado pelo Presidente do Conselho de Ministros (Primeiro-Ministro) Marcelo Caetano.

O Movimento das Forças Armadas (MFA), foi saudado com grande entusiasmo pela população que desejava a liberdade.


Dia 25 de Abril de 1974. Forças militares nos Restauradores, Lisboa. Fotografia nº: 22. Registo nº: 1038 - Centro de Documentação 25 de Abril , UC
Dia 25 de Abril de 1974. Na Praça da Figueira, Lisboa. Fotografia nº: 6. Registo nº: 1021 - Centro de Documentação 25 de Abril, UC
Mural com a frase: "Dá mais força à liberdade". Portugal - GUIMARÃES, Sérgio - As Paredes na Revolução: Graffiti. Mil Dias Editora, 1978.

O país vivia em ditadura desde o golpe militar de 28 de Maio de 1926, quando dois generais - Gomes da Costa e Mendes Cabeçadas - impuseram uma ditadura militar, no intuito de impedir a agitação social e política que o país tinha experimentado durante a 1ª República (1910-1926).

A partir de 1932, António de Oliveira Salazar assumiu o cargo de Presidente do Conselho de Ministros (Primeiro-Ministro) e implantou uma ditadura que intitulou de Estado Novo. 


Revolução de 25 de Abril de 1974, Lisboa. Retrato masculino / Caetano, Marcelo José das Neves Alves. Presidente do Conselho de Ministros, 1968-1974. Foto de Alfredo Cunha - Arquivo Municipal de Lisboa
Mural com frases e palavras sobre a época da ditadura, de 1926 a 1974. Portugal. GUIMARÃES, Sérgio - As Paredes na Revolução: Graffiti. Mil Dias Editora, 1978.
Mural artístico do PRP com a frase: "Morte ao Fascismo". Portugal - GUIMARÃES, Sérgio - As Paredes na Revolução: Graffiti. Mil Dias Editora, 1978.

Este regime político autoritário vigorou em Portugal durante 41 anos.

As condições mínimas de vida, o analfabetismo, a fraca instrução, fizeram dos portugueses um povo represado e profundamente descontente. Para fugir à pobreza muitos portugueses emigraram para França, Alemanha, Suíça e Canadá.


Cantar de emigação (aqui)- Adriano Correia de Oliveira
(Canção censurada)


Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão

Tens em troca
órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai 


Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará


Menina dos olhos tristes (aqui) - José Afonso

(Canção censurada)


Menina dos olhos tristes
o que tanto a faz chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Vamos senhor pensativo
olhe o cachimbo a apagar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Senhora de olhos cansados
porque a fatiga o tear
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Anda bem triste um amigo
uma carta o fez chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

A lua que é viajante
é que nos pode informar
o soldadinho já volta
está mesmo quase a chegar

Vem numa caixa de pinho
do outro lado do mar
desta vez o soldadinho
nunca mais se faz ao mar


Que Força é Essa (aqui) - Sérgio Godinho
(Canção censurada)

Vi-te a trabalhar o dia inteiro
construir as cidades para os outros
carregar pedras, desperdiçar
muita força para pouco dinheiro
Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Muita força para pouco dinheiro 

Que força é essa
que força é essa
que trazes nos braços
que só te serve para obedecer
que só te manda obedecer
Que força é essa, amigo
que força é essa, amigo
que te põe de bem com outros
e de mal contigo
Que força é essa, amigo
Que força é essa, amigo

Não me digas que não me compreendes
quando os dias se tornam azedos
não me digas que nunca sentiste
uma força a crescer-te nos dedos
e uma raiva a nascer-te nos dentes
Não me digas que não me compreendes 

Que força é essa
que força é essa...
..........................

Vi-te a trabalhar o dia inteiro
construir as cidades para outros
carregar pedras, desperdiçar
muita força para pouco dinheiro
Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Muita força para pouco dinheiro
 
Que força é essa
que força é essa...
......................... 


A polícia política PIDE (Policia Internacional de Defesa do Estado) tinha como objectivo controlar e censurar a oposição e a opinião pública em Portugal e nas colónias. Milhares de portugueses foram encarcerados sem julgamento ou após julgamento em tribunais especiais, por oposição ao regime.

A censura eliminava todos os textos e novidades contrárias aos velhos costumes. Os assuntos políticos adversos ao Estado Novo eram prontamente proibidos e cortados pela censura.

A polícia carrega sobre as mulheres dos operários em greve. Barreiro, Julho 1942. Foto de Eduardo Gageiro - 25 fotos de Abril
Mural artístico do MRPP com a frase: "Pela Democracia". Portugal - GUIMARÃES, Sérgio - As Paredes na Revolução: Graffiti. Mil Dias Editora, 1978
 
Mural artístico (pormenor). Portugal - GUIMARÃES, Sérgio - As Paredes na Revolução: Graffiti. Mil Dias Editora, 1978

A guerra colonial contribuiu muito para a decisão de derrubar o Governo. Angola, Guiné e Moçambique, foram durante 13 anos, províncias onde milhares de jovens portugueses combateram, mesmo contra a sua vontade. Muitos voltavam estropiados, com traumas de guerra ou não voltavam. 

A ONU condenava a actuação de Portugal mas os governantes não negociavam a independência dos países africanos.


13 anos de guerra colonial: mais de 10 000 mortos e cerca de 30 000 feridos e mutilados entre a juventude portuguesa, crimes e massacres contra os povos das colónias. Foto de Eduardo Gageiro - 25 fotos de Abril

Mural artístico do MDMP, com a frase: " Pela paz, pela democracia. Mulheres de todo o mundo unidas". Portugal - GUIMARÃES, Sérgio - As Paredes na Revolução: Graffiti. Mil Dias Editora, 1978

Mural artístico. Portugal - GUIMARÃES, Sérgio - As Paredes na Revolução: Graffiti. Mil Dias Editora, 1978
Em muitas famílias portuguesas a angústia de ter um filho na guerra era imensa. Os militares perceberam que a guerra estava longe de acabar e era impossível ganhá-la. 

Um grupo de oficiais das Forças Armadas decidiu derrubar a ditadura, implantar a democracia e acabar com a guerra colonial. Garcia dos Santos, Marques Júnior, Melo Antunes, Otelo Saraiva de Carvalho,  Vasco Lourenço e Victor Alves, prepararam o golpe que faria cair o regime fascista. 

Autocolante comemorativo do 25 de Abril - Biblioteca Nacional de Portugal
Autocolante comemorativo do 25 de Abril - Biblioteca Nacional de Portugal

Autocolante comemorativo do 25 de Abril - Biblioteca Nacional de Portugal
 
A Revolução de 25 de Abril, conhecida como a Revolução dos Cravos, iniciou uma série de procedimentos que viriam a terminar com a implantação de um regime democrático e com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de Abril de 1976.

Os cravos vermelhos serão para sempre, a imagem do dia em que os portugueses fizeram uma revolução sem mortos e sem tiros.  


Linhas gerais do Governo Provisório. "O Século", 07-05-1974 - Biblioteca Nacional de Portugal
Postal com a frase: "A poesia está na rua". Abril-Maio de 74. Pintora Helena Vieira da Silva. Colecção de Daniel Pires  - Biblioteca Nacional de Portugal
"Os Ridiculos", nº: 184 (4 de Maio de 1974). Edição completa aqui - Hemeroteca Digital

Quatro décadas após o 25 de Abril, a Liberdade, a Democracia e a Paz, fazem parte do quotidiano dos portugueses, como o sol que nasce no horizonte.

Autocolante comemorativo do 25 de Abril - Biblioteca Nacional de Portugal

 Na Juventude o Futuro de Abril


Mudam-Se Os Tempos, Mudam-Se As Vontades (aqui) 
(Luís Vaz de Camões) José Mário Branco
(Canção censurada)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Ref: E se tudo o mundo é composto de mudança,
Troquemo-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

Mas se tudo o mundo é composto de mudança,
Troquemo-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

Mas se tudo o mundo é composto de mudança,
Troquemo-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Mas se tudo o mundo é composto de mudança,
Troquemo-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança.




Fontes:
http://purl.pt/94/1/index.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_dos_Cravos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_Gageiro
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/
http://www.cd25a.uc.pt/index.php
http://www.pcp.pt/actpol/temas/25abril/25anos/25fotos.html
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/EFEMERIDES/25Abril40Anos/25deabril40Anos_OsRidiculos.htm



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