segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz Natal


Menino no berço, barro policromado. Figura de presépio de Estremoz - Museu Nacional de Etnologia


Desejo um Feliz e Santo Natal a todos os leitores, seguidores e visitantes do blog.



POEMA DE FERNANDO PESSOA

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se vai mais uma quadra
Sinto mais Natal nos pés.

Não quero ser dos ingratos
Mas, com este obscuro céu,
Puseram-me nos sapatos
Só o que a chuva me deu

Fernando Pessoa (25-12-1930)





Natal (crianças) - Vinícius de Moraes

De repente o sol raiou 
E o galo cocoricou:

— Cristo nasceu!

O boi, no campo perdido 

Soltou um longo mugido:

— Aonde? Aonde?

Com seu balido tremido 

Ligeiro diz o cordeiro:

— Em Belém! Em Belém!

Eis senão quando, num zurro

Se ouve a risada do burro:

— Foi sim que eu estava lá!

E o papagaio que é gira 

Pôs-se a falar: — É mentira!

Os bichos de pena, em bando 

Reclamaram protestando.

O pombal todo arrulhava: 

— Cruz credo! Cruz credo!

Brava 

A arara a gritar começa: 

— Mentira! Arara. Ora essa!

— Cristo nasceu! canta o galo. 

— Aonde? pergunta o boi. 
— Num estábulo! — o cavalo 
Contente rincha onde foi.

 

Bale o cordeiro também: 
— Em Belém! Mé! Em Belém!

E os bichos todos pegaram 

O papagaio caturra 
E de raiva lhe aplicaram 
Uma grandíssima surra.


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